quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Song to the Moon

Como já havia falado em outro post, estou fazendo aulas de canto lírico, de forma que ando absorvida em ouvir performances no youtube. Sempre gostei de música clássica, pois estudei piano por 10 anos, mas também curto outros tipos de som até como hard rock e heavy metal, por incrível que pareça. Mas enfim ... estou muito envolvida em ouvir canto lírico, o que provavelmente se refletirá sobre os meus posts no momento.
Hoje quero falar um pouco de uma ária maravilhosa, Song to the Moon, do compositor tcheco Antonin Dvorak (1841-1904) em sua ópera Rusalka. O vídeo que postei é desta obra interpretada pela bela soprano estonesa Kristine Opolais, não deixe de escutar, e observe que reações a música provoca em você. Para mim é um genialidade, coisa dos deuses, não tenho palavras para descrever a emoção que tenho com tamanha perfeição.


Num momento em que o estilo verismo/realismo estava em voga no mundo da ópera, Dvorak trouxe o mundo das lendas para esta sua penúltima ópera. Smetana foi um dos primeiro compositores a incluir para do folclore e da cultura da Tchecoslováquia na sua música, e assim seguiu também Dvorak, compondo as Danças Eslavônicas. A ópera Rusalka representa este movimento nacionalista combinando costumes e danças populares daquele país (hoje República Tcheca), assim como uma preocupação direcionada aos aspectos místicos da natureza. A Natureza representa o estado de paz e plenitude da consciência humana, e as pessoas estiveram em busca de músicas que traduzissem este sentimento. Dvorak usou a natureza como tema nesta ópera, com melodias ornamentais inspiradas no compositor alemão Wagner.
A importância da orquestração é feita aparente nesta ária que postei, por evocar dramaticamente a noite. A profundidade harmônica do acompanhamento é bela não apenas na sua maestria lírica, mas também por identificar tão bem a cena como a de uma floresta mística. Seus tons enfeitiçados descrevem perfeitamente o luar na floresta, o que cria absoluto silêncio e calma nos espectadores.
O libretto (texto da ópera), escrito por Jaroslav Kvapil, combina elementos de 3 contos de fadas, um deles o famoso "A Pequena Sereia" de Hans Christian Anderson. A letra também traz o uso nacionalista de estórias da mitologia da Boêmia e descrições únicas da natureza que ficam caracterizadas no decorrer da peça. Jaroslav Kvapil, o escritor, manteve as tendências artísticas mais modernas na época, com seu estilo inclinado ao impressionismo (o que me parece também fez Dvorak).
No início da ária, Dvorak usa amplamente acordes arpegiados para convidar os espectadores no mundo de conto de fadas de Rusalka. O bondoso Espírito do Lago, Jezibab, está admirando o canto das ninfas do bosque quando sua filha, uma sereia chamada Rusalka, aproxima-se triste. Ela diz que se apaixonou por um lindo príncipe e quer se tornar humana para concretizar esta união. Profundamente triste, o Espírito do Lago consente o seu pedido, e parte. Então sozinha ela canta esta bela ária, confidenciando com a Lua os segredos do seu sofrimento.
Ela diz (tradução):
Oh lua alta no céu profundo,
sua luz avista regiões distantes,
você viaja pelo vasto, vasto mundo examinando os lares;
Oh lua, pare por um momento,
diga-me, oh diga-me, onde está o meu amado?
Diga-lhe, oh lua de prata no céu,
Que o abraço fortemente,
Que ele deve, pelo menos por um momento,
lembrar destes sonhos!
Ilumine esse local distante
diga-lhe, ah diga-lhe, quem o espera aqui,
Se ele comigo estiver a sonhar,
que esta memória o faça acordar!
Oh lua, não desapareça, não desapareça!


Antes de conhecer a letra já havia me emocinado com a música em si, e tive mesmo a sensação de estar no meio de uma natureza muito selvagem e protegida da ação humana, como numa cachoeira longínqua cheia de bruma e borboletas. Foi incrível descobrir depois que era exatamente isto que Dvorak queria transmitir. A atuação desta soprano também achei incrível, um timbre de voz muito único e um interpretação tocante. Além da beleza física que a faz vestir perfeitamente o papel da sereia Rusalka.
Quem sabe um dia eu chego lá...
Figuras do post (1) A Mermaid - Joh William Waterhouse; (2) Praga - República Tcheca; (3)Ilustração de " A Pequena Sereia" e (4) The Prince and thee Mermaid - Jim Wareen.

7 comentários:

  1. pode soar clichê, mas a musica é a poesia da calma. o que mais reflete melhor nosso estado de espirito se nao aquilo que estamos ouvindo? e lindo o video da soprano :] boa sorte com as aulas!

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  2. Seu gosto musical é parecido com o meu,amo ouvir ópera,música clássica,adoro piano mais não sei tocar mais as vezes arrisco umas notas no piano da sala de ensaios do grupo de música black do qual eu participo,meu tom de voz é segundo soprano,qd era mais nova eu e minha colega adorávamos cantar música lírica,agora qd fazemos isso é só para zuar no meio do black,mais é um dos meus estilos favoritos ópera me deixa relaxada...
    Boa sorte com as aulas!!!!

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  3. A música clássica é muito agradável e encantadora.
    Beijos!

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  4. Poxa, poxa, vou vir aqui muitas vezes.Amo liríco, mas ainda conheço pouco. Escreva sobre as coisas que for aprendendo e os artistas que for conhecendo, tá?
    Obrigada.
    Linkei aqui um post em que falo da minha relação com a música clássica e a arte em geral.
    Pena eu não poder ouvir a moça agora, estou sem fones.

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  5. É não posso falar que sou um fã de musica clássica... Mas tem aqueles clássicos onde todos já ouvimos tipo o Barbeiro de Sevilla... Eu já ouvi no Pernalonga... Mas é um Ritmo bem agradavel, pra quem quer parar um dia e relxar.. Pensar em n e Apenas refletir

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  6. Eu estudei violão clássico por algum tempo. E em baixo de uma das minhas salas,tinha aula de canto lírico,as vezes até parávamos o que estávamos fazendo pra ouvir. O que mais gosto no canto lírico é que mesmo que ele seja em uma língua totalmente desconhecida as emoções da música são transmitidas. Lindo!

    Sucesso nas suas aulas.

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  7. Obrigado pela sua visita ao meu blog. Este texto sobre Dvorack e a relação que faz com Smetana é excelente. Deste ultimo tive já a oportunidade de ouvir a Noiva Vendida e também o ciclo sinfónico Ma Vlast. O trecho de que fala aqui é simplesmente fantástico e Dvorack que é muito mais conhecido pelo seu trabalho sinfónico mostra aqui o seu enorme e multifacetado talento.

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