quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Eros e Psiquê

Eros era o deus grego do amor, filho de Afrodite, deusa do amor, chamado de Cupido pelos romanos. Psiquê era uma belíssima mortal, filha de um rei na Grécia antiga, por quem Eros se apaixonou.
Gosto muito do sentido metafísico que Hesíodo dá, em sua obra Teogonia, a estes personagens. Para ele, Eros (Amor) é o princípio motor cósmico que tudo une e atrai - dos astros e planetas até os seres vivos. Linda definição para uma época em que pouco conhecimento tinha-se de física. Já Psiquê, para Hesíodo, é o princípio que anima a matéria formando os humanos, e nas linguas latinas derivam de anima (alma em português). Também lindo, não?

Já Homero, em Ilíada e Odisséia, narra este amor de forma mais concreta e mais simples, que vou descrever abaixo de forma resumida.
Era uma vez um rei que tinha três filhas, sendo que uma delas era muito, mas muito bonita, mais linda que a deusa do amor Afrodite. Os templos desta andavam vazios porque todos passaram a cultuar aquela princesa maravilhosa, chamada de Psiquê. Apesar de tanta beleza, a princesa não conseguia se casar, todos tinham medo, pois uma união com alguém tão belo só traria decepções.
Seu pai preocupado foi ao Oráculo de Delfos para pedir um conselho, e ficou horrorizado quando Pítia, a sacerdotiza de Apolo, orientou que abandonasse Psiquê num rochedo próximo e que um monstro iria buscá-la. Assim o fez.
Afrodite, muito irritada por ter sido " desbancada" em sua beleza, exigiu que seu filho Eros fosse até o rochedo e lançasse as suas flechas, doces, amargas, cruéis e tantas outras, pois assim é o amor, todas sobre Psiquê, para fazê-la sofrer. Quando Eros estava prestes a executar a ordem da sua mãe, viu Psiquê de relance e ficou abismado com sua beleza, e acabou sendo descuidado com as suas flechas, atingindo a si mesmo com uma delas. E o feitiço virou contra o feiticeiro, ele se apaixonou por Psiquê.
Psiquê sentia-se muito sozinha e triste, chorava, esperando que o tal monstro aparessesse. Mas Eros já tinha ordenado que a levassem a seu palácio, de forma que ela foi envolta por uma brisa suave que a levou flutuando até um vale cheio de flores, onde havia um palácio maravilhoso, com pilares de ouro, paredes de prata e chão de pedras preciosas.
Foi tratada como uma rainha. E a solidão terminou à noite, na escuridão, quando o marido chegou. E a presença dele era tão deliciosa que Psiquê, embora não o visse, tinha certeza de que não se tratava de nenhum monstro horroroso. E este amor se repetia noite após noite, sem que ela visse o rosto do seu amante. Sua curiosidade aumentava a cada dia, e acabou sendo influenciada pelas suas irmãs, que a invejavam, a espiar a figura do amante enquanto este dormia. Foi o que fez, mas acabou aproximando demais o lampião de Eros derramando óleo sobre o mesmo, que assim despertou. Psiquê viu a figura masculina mais bonita que havia existido. Mas Eros ficou muito decepcionado, dizendo que não há amor onde não há confiança. " Quiseste ver o amor mas ele não pode ser visto. Você deveria saber que o amor sempre parte quando conhecido".
Psiquê ficou desesperada e resolveu empregar todas as suas forças para recuperar o amor de Eros, que a essa altura estava na casa da mãe. Ela passava o tempo todo pedindo aos deuses para acalmar a fúria de Afrodite, sem obter resultado. Resolveu então se oferecer à sogra como serva, dizendo que faria qualquer coisa por Eros.
Ao ouvir isso, Afrodite gargalhou e respondeu que, para recuperar o amor dele, teria que passar por uma prova. Em seguida, pegou uma grande quantidade de trigo, milho, papoula e muitos outros grãos e misturou. Até o fim do dia, Psiquê teria que separar tudo aquilo. Era impossível e ela já estava convencida de seu fracasso quando centenas de formigas resolveram ajudá-la e fizeram todo o trabalho.
Surpresa e nervosa por ver aquela tarefa cumprida, a deusa fez um pedido ainda mais difícil: queria que Psiquê trouxesse um pouco de lã de ouro de umas ovelhas ferozes. Percebendo que ia ser trucidada, ela já estava pensando em se afogar no rio quando foi aconselhada por um bambu a esperar o sol se pôr e as ovelhas partirem para recolher a lã que ficasse presa nos arbustos. Deu certo, mas no dia seguinte uma nova missão a esperava. Agora Psiquê teria que recolher em um jarro de cristal um pouco da água negra que saía de uma nascente que ficava no alto de uns penhascos. Com o jarro na mão, ela foi caminhando em direção aos rochedos, mas logo se deu conta de que escalar aquilo seria o seu fim. Mais uma vez, conseguiu uma ajuda inesperada: uma águia apareceu, tirou o jarro de suas mãos e logo voltou com ele bem cheio de água negra.
Acontece que a pior tarefa ainda estava por vir. Afrodite dessa vez pediu a Psiquê que fosse até o inferno e trouxesse para ela uma caixa com parte da beleza imortal de Persefone, a rainha infernal. Desta vez, uma torre lhe deu orientações de como deveria agir, e, assim, ela conseguiu trazer a encomenda.
Tudo já estava próximo do fim quando veio a tentação de pegar um pouco da beleza imortal para tornar-se mais encantadora para Eros. Ela abriu a caixa e dali saiu um sono profundo, que em poucos segundos a fez tombar adormecida.
A história acabaria assim se o amor não fosse correspondido. Por sorte Eros também estava apaixonado e desesperado. Ele tinha ido pedir a Zeus, o deus dos deuses, que fizesse sua mãe parar com aquilo para que eles pudessem ficar juntos.
Zeus então reuniu a assembléia dos deuses (que incluía Afrodite) e anunciou que Eros e Psiquê iriam se casar no Olimpo e ela se tornaria uma deusa. Afrodite aceitou porque, percebendo que a nora iria viver no céu, ocupada com o marido e os filhos, os homens voltariam a cultuá-la. E os fez jurar: " jura, jura que nada farás nem dirás em tua vida que não seja em nome de Eros (o amor verdadeiro)".
Eros e Psiquê tiveram uma filha chamada Volúpia e viveram felizes para sempre.

As obras de arte acima, sobre Eros e Psiquê, são autoria de, na ordem: Antonio Canova (esta inclusive serviu de inspiração para o meu convite de casamento), William Adolphe Bouguereau e François Boucher.

9 comentários:

  1. Aiii mtooo boom aquiii! adorooo mitologiia... Eh o que mais gosto na historiia! Excelente Post! bjinhos!

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  2. Como pode ne, a mitologia Grega ser tão bonita! cho que tem coisas demais pra se saber,é um estudo intermnavel,mas fascinante :) parabens, apagina ta muito boa! Beijos

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  3. Adoro essa parte...
    E os fez jurar: " jura, jura que nada farás nem dirás em tua vida que não seja em nome de Eros (o amor verdadeiro)".

    Uma vez lí um livro que usava apenas essa parte para explicar de os votos do casamento. A interpretação é linda e muito interessante, vale a pena ler.
    Adorei seu blog... Ja vou segui-lo.

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  4. Mitologia Grega é um modo de demonstrar a elementariedade das coisas, porém o Politeísmo é vão. Claro, que para algo criado na base da imaginação humana, a mitologia está ótima.
    .
    No ramo religioso, podemos dizer que o Panteísmo é um desastre. No ramo da literatura e da filosofia, podemos dizer que é maravilhoso.

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  5. legais suas dicas, quem sabe em um futuro distante não use! rs

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  6. Você escreve muito bem mesmo, e sobre essa parte de mitologia é muito show.
    Acabou de ganhar mais um leitor!
    ;* d+

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  7. adorei seu bloog,amo as historias gregas realmente são facinantes,sou academica de psicologia e a historia grega muito contribuio para moldar a psicologia!!!!!!!!!!!!!!!amei a hsitoria de psiquê e eros...........fascinantes!!!!!!!

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  8. Gostei muito dessa historia é muito boa pois ela fala sobre o amor de uma mortal e de um deus e tambem fala sobre a ira que afrodite teve contra Psiquê muito boa mesmo esta historia da mitologia grega

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  9. eu gosto muito de mitilogia ea historia de eros e psique ea minha favorita parabems pelo trabalho

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