sábado, 28 de novembro de 2009

Decifra -me ou devoro-te

A esfinge era um monstro mitológico com cabeça de mulher, corpo de leão e asas de águia, figura esta que surgiu no Egito e passou também para a Grécia. Neste país, sua principal estátua ficava no templo do deus Apolo, no chamado oráculo de Delfos.
Esfinge é uma palavra do egípcio arcaico que significa apertar a garganta até sufocar. Já oráculo é uma palavra de origem greco-latina que significa profeta ou adivinho. Delfos era o local sagrado onde Apolo, o deus da luz e das profecias, era consultado por meio de sua grande sacerdotisa, Pítia, cujo nome quer dizer aquela que vence a escuridão. A esfinge era famosa por seus enigmas, e aquele que não os decifrasse era devorado por ela. Um dos mais conhecidos era esse: " o que é, o que é? de manhã anda de quatro, ao meio-dia sobre duas pernas, e pela tarde, com três pernas?" Naturalmente referia-se ao homem, que quando criança engatinha, quando adulto anda sobre duas pernas e na velhice necessita de uma bengala. Mas essa era apenas uma charada, pois o homem é muito mais do que isso. Mas ... quem somos, de onde viemos e para onde vamos? Esses eram os grandes questionamentos das pessoas ao oráculo, segundo a mitologia, e até hoje temos esses questionamentos. Sentimos que há algo maior, espiritual, que habita em nós, mas não compreendemos. É por isso que a esfinge sufoca e ameaça asfixiar, quando as incertezas nos invadem e o tempo nos angustia. Quantas pessoas são sentem uma angústia no peito e a sensação de aperto na garganta, muitas vezes sem terem uma explicação física para estes sintomas? Mas a verdade é que até hoje a ciência não ajudou a decifrar o mistério de viver; nem todos os avanços e facilidades que temos deixou o ato de viver mais fácil e compreensível. Procuramos oráculos de toda espécie (religião, médicos, psicólogos ...) para não sermos devorados por essa angústia.
A estrutura da esfinge é muito simbólica. Tinha a cabeça feminina, como forma de representar a intuição. É à ela que devemos recorrer quando as incerteza batem à porta. O corpo da esfinge era o de um leão, representando a coragem que devemos ter para indagar e acolher as respostas que vamos colhendo. E, enfim, tinha asas de águia, porque o caminho do homem é para o alto, para os deuses, para a espitirualidade. Para alçar este vôo, não devemos carregar fardos desnecessários, culpas, sentimentos ruins, que são as coisas que mais estragem nossa saúde.
Fonte: Mitologia Viva - aprendendo com os deuses a arte de viver e amr. Viktor Salis
Figuras do post: (1) Esfinge de Naxos - Museu de Delfos; (2) ruínas de Delfos - Grécia e (3) Édipo e a Esfinge - Jean Auguste Dominique Ingres.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

O que é beleza...

"O belo é o esplendor da ordem." Aristóteles
"Uma coisa bela persuade por si mesma, sem necessidade de um orador". William Shakespeare

"A beleza das coisas existe no espírito de quem as contempla." David Hume





"Não há nada de tão belo como aproximarmo-nos da Divindade e espalhar os seus raios pela raça humana." Ludwig van Beethoven.




"Existe no coração de todos os homens um nervo secreto que reage às vibrações da beleza." Christopher Morley





"O belo é uma manifestação das leis secretas da natureza, que, se não se revelassem a nós por meio do belo, permaneceriam eternamente ocultas." J Goethe



"A beleza salvará o mundo." Fiodor Dostoievski



"A beleza é a única coisa preciosa na vida. É difícil encontrá-la, mas quem consegue descobre tudo." Charles Chaplin.


"Belo é tudo quanto agrada desinteressadamente." Emmanuel Kant.

"A mais nobre paixão humana é aquela que ama a imagem da beleza em vez da realidade material. O maior prazer está na contemplação." Leonardo da Vinci
"Para que algo seja chamado de belo é preciso que nos cause admiração e prazer." Voltaire

"O estudo, a busca da verdade e da beleza são domínios em que nos é consentido sermos crianças por toda a vida." Albert Einstein

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Como escolher um perfume


Gosto é gosto, não se discute. Isso também vale para os perfumes, é claro. Mas vale à pena prestar a atenção a algumas peculiridades para que você possa usar uma essência que realmente te identifique. Isso porque os perfumes possuem características que variam de acordo com o tipo de pele, a hora e estação do ano em que é usado, e até com a personalidade de cada um.

Aí vão algumas dicas:

* não compre perfume apenas por ter sentido em outra pessoa, teste-o em você. A mistura da fragrância com os odores corporais resulta em diferentes cheiros. A genética, o hábito alimentar e o grau de transpiração interferem no odor natural da nossa pele;


* experimente no máximo 3 opções de perfume no mesmo dia;

* ao testar mais de um perfume, se possível, inale grãos de café para neutralizar o cheiro anterior;

* as notas de saída permanecem no máximo 15 minutos, e as notas de coração são liberadas a partir do aquecimento da pele e duram 40 minutos. As notas de fundo são as que aparecem mais tarde e permanecem por mais tempo, e é só aí que você descobre o real aroma do perfume (leia o post anterior para melhor esclarecimento);

* fuja de fragrâncias muito fortes, elas encomodam as outras pessoas e podem causar dor de cabeça e enjôo;

* use o perfume mais adequado de acordo com o seu tipo de pele: (1) normal: fixa de forma ideal, por várias horas; (2) oleosa: adere melhor e deixa a fragrância mais intensa, devendo-se dar preferência aos Eau de toilette; (3) seca: é mais difícil de "segurar" o aroma. uma estratégia é usar cremes da mesma marca ou família olfativa para melhorar a hidratação da pele para reter melhor o cheiro; preferir Eau de Parfum; (4) clara: retém menos o cheiro, devendo preferir aromas mais marcantes como os florais mais densos, amadeirados ou orientais; (5) morena: o perfume adere melhor à pele, podendo investir nos cítricos e florais mais leves.

* aplique o produto em áreas de maior pulsação, como o pulso, o pescoço, ao redor do umbigo e até atrás dos joelhos...

* não aplique diretamente sobre roupas, pois altera o aroma e pode provocar manchas;



* jamais aplique antes de se expor ao sol, pois pode agir como sensibilizante e provocar manchas;


* guarde os frascos ao abrigo da luz, umidade e calor, assim ele pode durar anos;

* se quiser se perfumar antes de fazer exercícios, prefira opções mais cítricas ou alavandadas; evite os mais doces (com baunilha ou musk por exemplo) que tornam-se muito enjoativos ao cotato com o suor.

* em entrevistas de emprego, a escolha do perfume certo pode ajudar a transmitir uma boa impressão; dispense os doces e aposte nos florais suaves ou nos cítricos.

Os meus favoritos (para uso pessoal)

Tenho uma preferência por perfumes florais e frutados, mais suaves. Não sou nenhuma expert, mas, modéstia a parte, as minhas escolhas sempre fizeram muito sucesso. São perfumes delicados mas também muito sensuais, e chamam a atenção. O meu favorito, há muitos anos, é J´adore de Christian Dior. De vez em quando eu " traio" o J´adore com Dior Addict no. 2, também da Dior, e com J.Lo Glow, fragrância da Jennifer Lopez. Se você gosta de aromas delicados e ao mesmo tempo insinuantes, que causem impacto sem serem agressivos, e se gosta de receber elogios, experimente estes e depois me avise.

Em termos de cremes, os da Victoria´s Secret são sempre imbatíveis. O meu favorito no momento é Sweet Temptation. Uma surpresa também foi um creme da perfumaria francesa Fragonard, o Lait Parfumé pour le Corps - Verveine, que é muito refrescante e tem um cheirinho de erva cidreira, nunca tinha visto igual.

Para aromatizar a casa, recomendo os difusores de aromas da Antik (Flor de Algodão e Lavanda) e os sachets e velas aromáticas da marca Greenleaf (importada, mas maravilhosa). Ambas as marcas você encontra nas principais lojas de cama, mesa e banho.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Classificação dos Perfumes

A criação de um perfume pode ser considerada uma arte. O nosso olfato é capaz de reconhecer 3000 cheiros. Como será então identificar cada um deles e fazer uma mistura quase ilimitada dos mesmos, perfeita e inesquecível? Esta arte pode ser comparada à composição de uma música, inclusive na linguagem utilizada pela parfumaria. Cada aroma em si é chamado de nota ou blend (mistura), de acorde ou harmonia da fragrância. Esta sinfonia aromática ocorre graças à harmonização e equilíbrio entre as suas notas: notas de saída, de corpo e de fundo. Explico.
As notas de saída, ou cabeça, são aqueles aromas que são primeiramente sentidos, são aqueles que logo despertam o nosso interesse. São também as notas mais leves, aquelas que escapam (evaporam) do frasco mis rapidamente. Geralmente são notas frescas como limão, laranja, bergamota, lavanda e eucalipto.
As notas de corpo (ou coração) significam o centro, a alma do perfume, expressando o tema principal da fragrância. São menos voláteis e evaporam mais vagarosamente. São mais encorpadas, sentidas assim que o perfume " desaparece" sobre a pele, como por exemplo os aromas de flores, folhas e especiarias.
As notas de fundo (ou base) são aquelas que garantem o poder de fixação da fragrância, definindo o cheiro que se difunde pela pele por serem pouco voláteis. è o último acorde a ser percebido e o que permanece por muito mis tempo. São exemplo as notas densas de resinas, madeiras e as de origem animal.
A força de um perfume depende basicamente da concentração das matérias primas; quanto mais se associa água nesta mistura de ingredientes voláteis e álcool, mais o " perfume" vai perdendo a força. Desta forma, podem ser classificados da seguinte maneira, de acordo com a concentração do extrato aromátio: (1) Parfum (15 a 35%), Eau de Parfum (10-18%), Eau de Toilette (5-10%), Água de Colônia (3-5%) e Deo Colônia (até 3%). Vale a pena prestar a atenção nisto quando comprar, pois o Eau de Parfum geralmente "dura" muito mais que Eau de Toilette.

Continue acompanhando... nos próximos posts falarei um pouco das matérias-primas ultilizadas e como escolher um perfume.

domingo, 8 de novembro de 2009

A história do Perfume

O aroma é mais uma das perfeições que a natureza nos deu e do qual o homem soube divinamente aproveitar com a criação dos perfumes. Embora não nos damos da importância do sentido do olfato em comparação aos outros sentidos, ele está intimamente ligado às nossas experiências emocionais. É mágico como uma substância etérea é captada pelo nosso cérebro ativando as mais diferentes memórias e reações emocionais.
Como a maioria das pessoas, sou louca por perfumes. Tive a oportunidade de visitar este ano a cidade de Grasse, na França, considerada hoje a capital do perfume. Desta forma gostaria de dedicar alguns posts do blog para este assunto, começando hoje pela história do perfume.
O mais antigo cheiro conhecido é o da fumaça, que exalava da queima da madeira, ervas e especiarias. A arte da elaboração do perfume nasceu no Egito, em cerca de 3000 aC, que utilizavam nas suas orações uma fumaça aromática que acreditavam chegar mais rápido aaos deuses. Acreditavam naa reencarnação, utilizando fragrâncias para mumificação. Assim, os sacerdotes aos poucos transformaram seus templos em autênticos laboratórios de perfumes artesanais. Por volta de 2000 a.C., os primeiros clientes foram os faraós e os membros importantes da corte; logo, o uso do perfume se difundiu; trazendo um agradável toque de frescor ao clima quente e árido do Egito. Por volta de 1500 aC, com a rainha egípcia Hatsheput, surgiram vários rituais de beleza, como a utilização de cones perfumados na cabeça, que derretiam ao sol forte e desta forma protegiam e hidrataavam a pele.
Os egípcios cuidavam muito de sua higiene pessoal, tinham hábito de lavar-se ao acordar, e também antes e depois das principais refeições; além de água, usavam uma pasta de argila e cinzas, a suabu, que era uma espécie precursora do atual sabonete; a seguir, friccionavam o corpo com incenso perfumado.
Este hábito de perfumar-se também foi surgindo em outras culturas, como na Grécia em 800 aC e na Mesopotâmia, a qual tornou-se centro comercial de especiarias e perfumes em 650 aC. Na época de Alexandre Magno, seu professor Teofastro foi o primeiro autor de um tratado sobre cheiros.
A egípcia Cleópatra marca o uso dos aromas como artifício de sedução. Untava o corpo com essências aromáticas, criando em torno de si uma aura mágica. Recebia Marco Antônio, seu grande amor, em uma cama coberta de pétalas de rosa.
Durante o império romano, o gosto por incensos e perfumes conheceu uma grande expansão, pois aperfeiçoaram a produção de vidros e fizerema grandes importações de matérias primas do Oriente. Mas foi com os árabes que o estudo dos perfumes se aperfeiçoou. O químico árabe Al-Kindi escreveu no século IX um livro sobre perfumes chamado Livro da Química de Perfumes e Destilados. Os árabes introduziram o processo de extração de óleos de flores através da destilação, o processo mais comumente utilizado hoje em dia. Seus primeiros experimentos foram com as rosas. A tecnologia da destilação influenciou a perfumaria ocidental e desenvolvimentos científicos, principalmente na química. O processo progrediu também com os chineses, que séculos depois criaram o álcool concentrado. A precursora da água de colônia, a Água da Rainha da Hungria, surgiu em 1370, sendo o primeiro perfume com base alcóolica.
A região de Florença, na Italia, foi por vários séculos importante produtora de essências, bálsamos e pomadas, produtos estes que eram utilizados pela nobre florentina Caterina de Médicis, a qual mudou-se para a França em 1533 para se casar com o rei Henrique II, trazendo para este país o impulso definitivo para a produção e comercialização de perfumes.
As fragâncias para Caterina eram feitas em Grasse, no sul da França. Primeiramente, esta cidade era famosa pelos seus curtumes (e sabemos como os curtumes " fedem"). Após receber luvas de couro fabricadas em Grasse, ordenou que suas luvas viessem perfumadas por fragrâncias florais devido ao odor desagradável do couro. E assim a cidade, que já era rica em matéria prima (lavanda, rosas, jasmim...), iniciou a produção de perfumes.
A difusão do perfume por toda a França ocorreu através do rei Luís XV e sua amante Madame de Pompadour. Isto porquê ela, fiel ao estilo rococó, ditava a moda, a beleza e a arte da época. Gastava horas no banho com sabonetes de lavanda e ervas, incrementava seu penteado com pomadas de rosas, suas luvas eram perfumadas com violeta e neroli.
A água de colônia surgiu em 1714, quando o italiano Jean-Marie Farina registrou, na cidade de Colônia, um produto com o nome de Kölnisch Wasser (água de colônia), o qual era uma mistura de essências italianas como neroli, bergamota, lavanda e alecrim diluídos em álcool neutro. Quando Napoleão Bonaparte esteve em Colônia, acabou conhecendo o produto e ligando-o ao mundo da parfumaria francesa. De acordo com a história, ele despejava um frasco inteiro da tal água sobre a cabeça. A espanhola Eugênia, esposa de um sobrinho de Bonaparte, lançou um novo estilo de perfume, o Eau Imperiale. A frangrância foi comercializada pela Guerlain em 1861, e tinha no frasco o brasão dos Bonaparte: abelhas pintadas à mão em ouro.
Na época da belle époque os perfumes e artigos de toilette ganharam nova expansão. Mulheres elegantes lotavam os cafés parisienses exalando fragrâncias variadas. No século XX, a perfumaria francesa já estava definitivamente ligada à moda. Em 1920, floresce a carreira da estilista Coco Chanel, promovendo uma revolução ao lançar o imortal Chanel no. 5. Em 1940, surgem novas tendências olfativas, que insinuavam a sensualidade e o luxo, e teve sua consagração com o clássico Miss Dior, de Christian Dior. Em 1950, sob o ritmo do rock n´roll, surge o primeiro perfume americano, Youth Dew de Estée Lauder. Em 1970, jovens estilistas como Kenzo, Mugler, Calvin Klein e Donna Karan optam pela simplicidade dos florais. Em 1980, com a demanda de fragrâncias densas, surgem Poison, LouLou, Paloma Picasso e Samsara. Nos anos 90 a globalização permitiu que os perfumes fossem apreciados por diferentes pessoas e não somente as elites. O ícone da década foi Angel, de Thierry Mugler.
Aguarde os próximos posts!

*dica de blog sobre perfumes: http://perfumesbighouse.blogspot.com/
*imagens que aparecem no post:
1 - A Alma da Rosa - J.William Waterhouse
2 - Impresso turístico de Grasse (vintage)
3 - desenho egípcio
4 - Retrato de Caterina de Médicis
5 - Madame de Pompadour - François Boucher
6 - frascos da parfumaria francesa
7 - impresso da Parfumaria Felix Potin
8 - Chanel no. 5

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Canções Napolitanas - Torna a Surriento

Diz a lenda que a canção napolitana, canção popular da região de Nápoles (Itália), surgiu ainda na Grécia antiga. Quando o grego Enéas navegava pela região, ficou maravilhado pela calma e beleza da região do golfo de Nápoles, decidindo fundar uma nova pólis, Partênope (que em grego significava " olhar a virgem"), isto ainda 3 séculos antes do surgimento da Roma Antiga. Outra lenda diz que Partênope seria o nome de uma bela sereia que fugiu da Grécia para o golfo de Nápoles para viver um amor proibido, e lá passou a proferir o seu canto de felicidade, dando origem à canção napolitana. Com o passar dos séculos e dos povos que lá foram habitando, a cidade foi mudando de nome, de Palépolis (séculoII aC) a Neápolis (século V dC), que depois virou Nápoles.
Bom , saindo da lenda e indo para a história, tem-se registro da canção popular de Nápoles desde o século XIII, quando começaram, com o passar dos séculos, a surgir as serenatas, as matinatas, as rapsódias, os trovadores, sempre unindo a poesia com a música cantada, com temas que ressaltavam o amor e a terra onde habitavam. O século XVI foi muito produtivo para a canção napolitana, quando surgiram as villanella, canções que eram escritas para serem apresentadas nas côrtes. Muito desta música depois tomaria outro rumo, originando o melodramma que seria a raiz da ópera lírica. Após esta perda de popularidade, a canção ressurge com força no século XIX, graças a compositores como Salvatore di Giacomo, Libero Bovio, E.A. Mario, e ao festival de música de Piedigrotta, onde suas canções eram apresentadas. Este estival foi muito famoso na sua época, sendo análogo e, nos dias de hoje, substituído pelo famoso festival de San Remo. A música que marcou a história formal da canção napolitana no século XIX foi Te voglio bbene assaje , atribuída ao compositor Gaetano Donizettti.
As canções napolitanas foram muito difundidas na nossa época graças a grandes intérpretes, como Luciano Pavarotti; Funiculi Funiculà, Sole Mio, Core n´grato, Santa Lucia Luntana estão entre as mais conhecidas. Porém, a sua tradição infelizmente está se perdendo. Isso porquê é necessário que a canção seja em dialeto napolitano, enquanto que a maioria dos músicos desta região atualmente preferem compor em italiano gramatical, para que tenham melhor repercussão no seu país e no estrangeiro.
Estou fazendo aulas de canto e estou adorando estudar estas canções, que são cheias de emotividade, drama, paixão ... conseguem tocar a fundo no nosso sentimento.
Deixei um vídeo da canção Torna a Surriento (composta em 1902 por de Curtis), na voz de Claudio Villa, com imagens de Sorrento, cidade da região do golfo de Nápoles, e abaixo a letra em dialeto napolitano com a tradução em português. Por favor ignore as legendas em inglês no vídeo, elas estão incorretas.


Vide o mare quant'è bello, spira tantu sentimento,
Comme tu a chi tiene mente, ca scetate 'o faie sunnà.
Guarda gua' chistu ciardino, siente sie' sti sciure arance;
Nu prufumo accussi fino, dinto 'o core se na va...
E tu dice: "Io parto, addio!" T'alluntane da stu core...
Da la terra de l'ammore... Tiene 'o core 'e nun turnà?
Ma nun me lassà, nun darme stu turmiento! Torna a Surriento, famme campà!
Vide 'o mare de Surriento, che tesoro tene 'nfunno
Chi ha girato tutto 'o mundo, nun l' ha visto comm' accà
Guarda attuorno sti serene, ca te guardano 'ncantate,
E te vonno tantu bene... Te vulessero vasà...

Veja o mar como é belo, inspira tanto sentimento,
como você, quem tem em mente, que acordada faz sonhar.
Olha só esses jardins, sinta essas flores de laranjeira,
um perfume assim delicado, toca fundo o coração.
E você diz: "Eu parto, adeus!" Se afasta deste coração.
Para a terra do amor, tem coragem de não voltar?
Mas não me deixe, não me dê este tormento! Volte a Sorrento, deixe-me viver!
Olhe o mar de Sorrento, quantos tesouros tem no fundo.
Quem girou por todo o mundo, nunca viu como os daqui!
Olhe em volta estas sereias, que te olham encantadas,
e te querem tanto bem, queriam te beijar.