quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Sentindo-se como na Idade Média, no Mont Saint Michel


















O Mont Saint Michel, uma ilha situada entre as regiões francesas da Bretanha e Normandia, é um lugar mágico de verdade. Nesta ilhazinha foi construído um mosteiro, santuário em homenagem ao arcanjo São Miguel, fortificado no século XIII.










Para chegar lá, pegamos um TGV (trem-bala) de Paris à Rennes, cuja viagem durou 2 horas, e de Rennes tomamos um ônibus que em 1 hora nos deixou no portão de entrada do Mont. Quando estávamos chegando e visualizando o monte de longe, bateu a emoção, parecia uma miragem.
Optamos por nos hopedar num hotel dentro do Mont, onde passamos apenas uma noite. Segui dicas que encontrei na internet, de ficar por lá, pois após as 18h, as excursões de turismo vão embora, e você fica com o Mont quase exclusivo para você, o que é verdade, pois durante o dia a quantidade de turistas é muito grande. Tivemos só um pouco de dificuldade com as malas, para chegar até o hotel pela Grand Rue, que é uma lomba estreita, de pedra, cheia de turistas. Mas e daí, né?As casinhas desta pequena cidade fortificada são uma graça, pequeninas, de pedra com estruturas de madeira. Nesta rua principal que citei, há várias lojinhas com artesanato local. Lindo também é subir o Mont pelas rampas laterais. Ali também há lojinhas e terraços de restaurantes, mas o que impressiona é a vista. Enquanto sobe, olhando para cima à sua esquerda estão os ápices da abadia que você não se cansa de fotografar; à sua direita e para baixo, aquela baía imensa de areia movediça que em tempos de maré alta fica tomada pelo mar. Enquanto caminha, vem aquele vento, que é forte mas é gostoso; é aquela brisa que quem mora perto do mar conhece, mas parece ter um algo a mais, parece mesmo carregar uma história no seu ruído, no seu tato. É uma sensação muito agradável estar ali.

Para visitar a abadia, você tem que comprar um ingresso. Aí você sobe uma escadaria mais alta ainda e chega a um outro terraço, onde está a entrada da igreja. Este terraço também fornece vistas magníficas da baía. A igreja também é muito bonita no seu interior. Tivemos a oportunidade de assitir uma missa cantada , o que foi também uma experiênciaa surreal, como se estivesse viajando no tempo. A celebração que assistimos eram as vêpres, ou vésperas em português, celebradas ao fim do dia, que compreendem uma das liturgias das horas (também chamada Obra/Ofício Divino). Trata-se de uma oração pública e comunitária oficial da Igreja Católica, significando o momento de parar em meio a toda a agitação da vida e recordar que a Obra é de Deus.



Depois da missa, saímos do Mont e fomos caminhar pela baía, esperando o pôr-do-sol, que foi divino. À noite, depois do jantar, voltamos lá para observar o Mont todo iluminado, novamente espetacular.

Só não tenho como descrever aqui a experiência com a mudança abrupta das marés, fenômeno que ocorre por lá de acordo com o calendário lunar. No dia em que ficamos lá, não havia diferença entre a maré alta e a baixa. Se você for viajar para lá, pode olhar no site do Mont http://www.ot-montsaintmichel.com/accueil_gb.htm e ali tem bem direitinho os dias em que a maré sobe. Pelo jeito tenho que voltar lá ...

França, um país que respira cultura

Berço de ícones das artes em toda a sua abrangência (música, pintura, escultura, literatura, cinema, arquitetura etc etc), o país é inspirador para quem quer mergulhar em cultura. A sua capital então, nem se fala. Paris tem tantos museus que resolvemos comprar um pass, que é um cartão que lhe dá direito a entrar em vários museus e monumentos por um período de 2, 4 ou 6 dias. Mas para valer à pena, você deve visitar muitos, para aproveitar ao máximo. Pode-se comprar pela internet, no site http://www.parismuseumpass.com/fr/home.php, eles mandam o pass no seu endereço.
Embora não tenhamos conseguido visitar o tanto de museus que gostaríamos, acho que valeu à pena, tanto na questão do preço como na de já poder entrar direto na atração, sem ter que esperar na bilheteria para comprar ingresso.

Aqui farei uma breve descrição da experiência que tivemos em 3 deles.
Sou louca por pintura, então os que gostei mais mesmo foram o Louvre e o Musée d´Orsay. O Louvre é magnífico, não tenho palavras. A beleza já começa no lado externo, com as esculturas do Jardin de Tuilleries à frente. Por dentro ele é imenso, então vale à pena dar uma estudada antes, para decidir o seu roteiro. Para quem gosta de antiguidade egípcia, a coleção é enorme e ocupa dois andares na ala Sully. Focamos nesta parte pois é a favorita do meu marido, e também na área de pintura francesa no 2o. andar, na de esculturas italianas no térreo da ala Denon (onde está Eros e Psique, de Antonio Canova, que foi pano de fundo para o nosso convite de casamento...) e no grande salão acima, no 1o. andar, onde estão expostos quadros enormes, de pintores franceses como Ingres, Delacroix, Gericault e David, sendo para mim o local mais belo do museu. Na ala de pintura italiana, também no 1o. andar, está não apenas a famosa Monalisa, mas também outras obras de da Vinci, de Boticelli, e Caravaggio. Vale à pena também fazer uma pausa num café localizado no 1o. andar da ala Richelieu, bem simpático, com um belo terraço e profiteroles maravilhosos. Ficamos 4 horas no Louvre, vimos muita coisa, batemos muitas fotos (é permitido), mas gostaria de poder ter tido mais tempo para admirar as obras que mais me emocionam, e não apenas passar por elas e pegar uma foto. Mas fazer o quê? Foi a primeira vez, quem sabe numa próxima vez será menos corrido.

O Museu d´Orsay já é bem menor, mas não menos belo. Para quem gosta de impressionismo, este é o local. Muitas obras de Monet, Manet, Renoir, Degas e Van Gogh. Há uma área de arte decorativa muito interssante com peças de Art Nouveau, escola que também adoro. O site deste museu é muito bom, você pode entrar em cada sala e ver quais pinturas estão lá, e aí então pode organizar um " plano de visita", para ganhar tempo.
Também destaco em Paris o Museu de l´Armée, que fica no Hotel des Invalides. Não sou muito fã de coisas relacionadas a guerras e tal, mas para quem gosta, há uma coleção enorme de armaduras medievais, e também uma grande ala relacionada às duas guerras mundiais.

A Provence, outra região da França que visitamos, também é rica em atividades culturais. Gostei muito de ter visitado o antigo hospício onde morou Van Gogh, em Saint Remy, e poder observar os arredores deste local que tanto o inspirou, com seu sol brilhante, suas oliveiras, seus ciprestes, sua noite estrelada. E logo em frente, no outro lado da estrada, estão as ruínas romanas de Glanum, um antigo assentamento que demonstra a ocupação romana da região.
Também destaco o Museu de la Castre em Cannes, que tem coleções de objetos medievais e da antiguidade de vários continentes (e tem uma vista linda sobre a cidade, pois fica num antigo chateau - castelo - no topo da cidade antiga) e o Museu Oceanográfico de Monaco, principalmente pelos seus vários e enormes aquários.
A citadela medieval de St Paul de Vence, próximo de Nice, me chamou muito a atenção pela quantidade de galerias de arte com obras de muito bom gosto e talento. Não é uma delícia caminhar por ruazinhas medievais e a cada lojinha observar os talentos locais? Quem já visitou Paraty aqui no Brasil sabe do que estou falando: um lugar histórico que respira arte por todos os cantos.
Quando viaja-se, também é interessante pesquisar na internet sobre possíveis eventos que estarão acontecendo no período em que você estará lá. Desta maneira descobri uma festa típica que ocorreu em Arles, como descrevi no post Ah...Provence!, que tivemos a oportunidade de participar. Assim você mergulha de verdade na cultura local, o que é muito divertido!

Ah... Provence!

A Provence ... outra região no mundo que sempre aflorou no meu imaginário, que virou um sonho real. Já me identifico com esta região há muito tempo, bem antes dela virar moda no mundo após a publicação de livros como Um ano na Provence, do inglês Peter Mayle (que inspirou o filme Um Bom Ano, com Russel Crowe e Marion Cotillard). Sempre me encantaram aquelas casinhas de pedra terracota com as janelas coloridas, os campos de lavanda e as perfumadas ervas, os ciprestes, as vinhas, as ruelas de cidades medievais, as lojinhas de quincailleries. Sempre me encantou como esta região atraiu tantos artistas, como Van Gogh, Picasso, Renoir e Matisse. Algo de muito especial parecia haver por lá.
Estive lá agora, em setembro, viajando de carro pela região (maneira mais adequada de conhecê-la, e não se esqueça do GPS!) de Avignon até Mônaco. Infelizmente não pude presenciar os campos de lavanda e girassol floridos, isso você conseguirá no início do verão. Mesmo assim, a região é perfumada pelas ervas de provence como o alecrim e a sálvia (que ficam enormes!), mas não só isso, seus eucaliptos, pinheiros e figueiras são muitos mais perfumados do que os daqui, não sei porquê, e olha que tenho uma figueira em casa. Já em setembro, você terá a sorte de ver as parreiras carregadas de uvas, coisa mais linda. A culinária da Provence é um capítulo à parte; algumas experiências já descrevi no post " Experiência gastronômica na França".
Nosso passeio começou por Avignon, na região do Vaucluse, sendo que nosso hotel era na beira do rio Rhone, com vista para o majestoso Palais des Papes (o qual foi a moradia dos papas de 1305 a 1378, devido à uma crise em Roma). Além da visita desta cidade, pudemos conhecer, nos arredores, a Pont du Gard, um gigantesco aqueduto construído no século I a.C.. Também por ali está Arles, cidade que abriga outra evidência da dominação da região pela Roma Antiga: a arena de Arles. No dia em que fomos, a cidade toda estava em festa, a Feria du Riz (Festa do Arroz), que incluía feira de gastronomia da Camargue (região da França que equivaleria ao country americano), feira de cavalos e ... touradas. Assistimos a uma tourada, foi horrível, não tinha idéia de como maltratam os touros. Valeu pela experiência de ver aquela arena romana cheia de gente, estar num lugar que tem tanta história. Só para esclarecer, é que a região de Arles (Bouches du Rhone) tem influência espanhola, por isso a tourada, e também a presença da galera fazendo paella pelos cantos da cidade. Nesta feira pudemos comprar azeite e mel da Provence (que são incríveis) por ótimo preço. Também nos arredores de Avignon visitamos o antigo " hospício" Mausoleum St Paul, em St Remy de Provence, onde Van Gogh morou após ter cortado a própria orelha quando morava em Arles. Lá ele pintou muitos de seus famosos quadros, como Noite Estrelada. Muito próximo de St Remy fica Les Baux de Provence, uma citadela medieval que fica no alto de uma montanha enorme. Muito linda pela vista, pelas ruínas e também pelas inúmeras lojinhas de artigos da Provence. Aqui você encontrará tudo o que representa a região: ervas de Provence, saches de lavanda (lavandins), savon de Marseille (sabonetes), santons (bonecos típicos), artigos feitos com tecido da Provence (que é muito característico, bem colorido), azeites, vinhos e também uma loja maravilhosa com artigos medievais, se você gosta. Esta primeira parte da viagem foi a mais provençal da nossa aventura, eu diria, pelas estradas contornadas por vinhedos e oliveiras, pelos ciprestes, pelas casinhas bem características (se O Segredo é verdade, me escuta: eu quero uma igual!!!). Depois, seguimos em direção à região do Var, que é a Provence em contato com o mediterrâneo. Aqui as características descritas se mantêm, mas associadas também às questões do mar, dos pescadores, da culinária rica em frutos do mar, dos passeios de barco, do mergulho. ... e do vinho rosé, sendo uma das mais importantes do mundo na produção deste vinho.
Recomendo muito a cidade de Cassis (que na verdade pertence a região de Bouches du Rhone), próxima à Marseille. A cidade é um porto muito charmoso, com seus diversos restaurantes, rodeada por montanhas, com praias de água cristalina, de onde pegamos um barco para conhecer as famosas Calanques, que são enormes falésias em meio a um mar azul-violeta. Já o mergulho (scuba) fizemos na Île de Porquerolles, um dos melhores pontos da região do Var, em um naufrágio recente (10 anos) chamado de Cimentier.
Quando estávamos indo ao nosso último destino na côte d´Azur (Antibes- Juan les Pins), pegamos um temporal horrível (coisa pouco comum lá, fazer o quê), numa estradinha de montanha minúscula e sem acostamento (várias delas assim, nas pequenas cidades), de modo que tivemos que abortar nossa visita em St Tropez e ir direto a Antibes. Vou ter que voltar lá, hehe.



A Côte d´Azur também é inesquecível, e faz jus ao nome, com seu mar incrivelmente azul. E não só de balneários glamurosos é feita a região. Também muito próximo ao litoral, diversas citadelas em topo de montanha. Chamo a atenção para as seguintes: Biot (onde estão os artesãos do vidro, e onde os cavaleiros templários habitaram na Idade Média), Mougins (uma gracinha, com casinhas típicas), Saint Paul de Vence e Èze (ambas muuiito charmosas, e repletas de ateliês de arte, de ficar com o queixo - e bolso - caído pelas belezas).
Em Èze, você tem ainda um panorama incrível do mar, seja pela estrada que leva até lá, seja pelo Jardin Exotique, um jardim com cactus e esculturas. Em Nice, a Provence já se mescla fortemente com a cultura italiana, fazendo de Nice um outro jeito de ser, com sua culinária típica, o colorido de suas construções que lindamente contrasta com um mar turquesa. Grasse, a capital do perfume, onde na ficção foi descoberto o perfume perfeito pelo assassino Grenouille em O Perfume, de Patrick Suskind, também possui moradas coloridas à italiana. E as compras nas perfumarias da cidade, entre elas a mais antiga, Fragonard, ficam inevitáveis. Em La Turbie, a cidade mas alta que visitamos, o panorama da estradinha que leva até lá (vindo de Mônaco) é inesquecível, mas não pode ter medo de altura. Lá está o Trophée des Alpes, um monumento romano construído por Júlio César para comemorar a conquista da região.



Em Mônaco, não deixe de visitar o Museu Oceanográfico, com seus lindos aquários.


Ah ... carrego dentro de mim tudo de mágico que senti por lá para incorporar na minha vida por aqui.